Mulheres na arte de rua
No início de 2017, o imenso painel grafitado
na Avenida 23 de Maio, em São Paulo, foi coberto. Com a tinta cinza que apagou
trabalhos de artistas como Kobra e OsGemeos, veio à tona uma série de
discussões sobre o espaço da arte urbana. Algo, porém, talvez tenha
passado despercebido: a disparidade entre o número de homens e mulheres que
assinavam a intervenção. "Foram mais de 300 grafiteiros envolvidos na
ação, sendo pouco mais de 10 mulheres", disse Bela Gregório, jornalista à
frente da rede Efêmmera. Nina Pandolfo, uma das pioneiras no Brasil, era
uma delas.
A representação
feminina nas ruas, porém, vem ganhando injeção de ânimo com uma leva
de jovens mulheres dotadas de técnica e empoderamento. Nos trabalhos que
realizam, elas falam dos temas que as interessam – tão diversos como a crítica
social e a espiritualidade; muitas vezes o amor. E conquistam cada vez mais
espaço: um dos maiores graffitis do mundo já feito por uma mulher
acabou de ser pintado por Luna Buschinelli, no Rio de Janeiro.
(O graffiti assinado por Luna Buschinelli é
considerado o maior do mundo já pintado por uma mulher)
Para transitar pela cena artsy da rua, convidamos 4 mulheres: as
brasileiras Bela Gregório, Karen Bazzeo e Luna Buschinelli, e a argentina
Marina Zumi, que fez casa no Brasil.
Das
mãos para as ruas, o street crochê: Karen Dolorez
(A artista Karen Dolorez faz uma mistura de
graffiti + crochê)
O
universo particular que se engrandece no espaço público: Luna Buschinelli
A arte sempre foi a forma de
Luna Buschinelli se comunicar – e superar, assim, a timidez. O graffiti foi,
para ela, como "encarar um espelho": viu no trabalho ampliado quem
realmente era. Aos 15 anos, aventurou-se na primeira pintura externa, em uma
escada perto de casa; aos 19 finalizou o maior mural do mundo pintado por uma
mulher, em uma escola carioca que ficou grandiosa em azul.
"No Brasil, o graffiti é uma arte com
muita personalidade. Sentia que precisava desenvolver um estilo e procurar o
que dizer antes de levar meu trabalho a público". Agora, Luna oferece às
cidades um universo particular, em que cada personagem é um lado seu ou de
outro alguém. Bastian (ou Sebastião) é o mais conhecido deles. "É uma arte
democrática pelo fato de estar na cidade, no meio em que vivemos, no nosso
quintal".
A escolha pelo lugar da pintura se dá de forma intuitiva. "É
uma sensação, a certeza de que deve ser ali. Muitas vezes saio para pintar com
um desenho na cabeça e quando encontro a parede certa preciso transformá-lo,
até mudar quase tudo que imaginei. Cada parede tem um desenho certo para ser
escavado". Quem se encanta com o trabalho nas ruas identifica uma espécie
de arqueologia do presente.
Fontehttps://vogue.globo.com/Inspire-se/noticia/2017/07/mulheres-que-estao-conquistando-arte-urbana.html
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