quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Mulheres na arte de rua

 

Mulheres na arte de rua

 

 No início de 2017, o imenso painel grafitado na Avenida 23 de Maio, em São Paulo, foi coberto. Com a tinta cinza que apagou trabalhos de artistas como Kobra e OsGemeos, veio à tona uma série de discussões sobre o espaço da arte urbana. Algo, porém, talvez tenha passado despercebido: a disparidade entre o número de homens e mulheres que assinavam a intervenção. "Foram mais de 300 grafiteiros envolvidos na ação, sendo pouco mais de 10 mulheres", disse Bela Gregório, jornalista à frente da rede Efêmmera. Nina Pandolfo, uma das pioneiras no Brasil, era uma delas.

A representação feminina nas ruas, porém, vem ganhando injeção de ânimo com uma leva de jovens mulheres dotadas de técnica e empoderamento. Nos trabalhos que realizam, elas falam dos temas que as interessam – tão diversos como a crítica social e a espiritualidade; muitas vezes o amor. E conquistam cada vez mais espaço: um dos maiores graffitis do mundo já feito por uma mulher acabou de ser pintado por Luna Buschinelli, no Rio de Janeiro.

(O graffiti assinado por Luna Buschinelli é considerado o maior do mundo já pintado por uma mulher)

 

Para transitar pela cena artsy da rua, convidamos 4 mulheres: as brasileiras Bela Gregório, Karen Bazzeo e Luna Buschinelli, e a argentina Marina Zumi, que fez casa no Brasil. 

Das mãos para as ruas, o street crochê: Karen Dolorez


"A rua é minha tela, as linhas são minhas tintas: é quando me expresso, inspirada em pensamentos, músicas, sentimentos e tudo o que envolve meu mundo", diz Karen Bazzeo, artista que faz street crochê e se identifica como Dolorez. Para ela, a rua se tornou lugar da arte a partir da parceria com um amigo grafiteiro – fez roupas para os personagens que ele pintava. Na época, já percebia os movimentos que, especialmente fora do Brasil, levavam o crochê para os muro

(A artista Karen Dolorez faz uma mistura de graffiti + crochê)

 

O universo particular que se engrandece no espaço público: Luna Buschinelli

 A arte sempre foi a forma de Luna Buschinelli se comunicar – e superar, assim, a timidez. O graffiti foi, para ela, como "encarar um espelho": viu no trabalho ampliado quem realmente era. Aos 15 anos, aventurou-se na primeira pintura externa, em uma escada perto de casa; aos 19 finalizou o maior mural do mundo pintado por uma mulher, em uma escola carioca que ficou grandiosa em azul.

"No Brasil, o graffiti é uma arte com muita personalidade. Sentia que precisava desenvolver um estilo e procurar o que dizer antes de levar meu trabalho a público". Agora, Luna oferece às cidades um universo particular, em que cada personagem é um lado seu ou de outro alguém. Bastian (ou Sebastião) é o mais conhecido deles. "É uma arte democrática pelo fato de estar na cidade, no meio em que vivemos, no nosso quintal".


(Detalhe de um dos personagens pintados por Luna Buschinelli)

A escolha pelo lugar da pintura se dá de forma intuitiva. "É uma sensação, a certeza de que deve ser ali. Muitas vezes saio para pintar com um desenho na cabeça e quando encontro a parede certa preciso transformá-lo, até mudar quase tudo que imaginei. Cada parede tem um desenho certo para ser escavado". Quem se encanta com o trabalho nas ruas identifica uma espécie de arqueologia do presente.

 


Fontehttps://vogue.globo.com/Inspire-se/noticia/2017/07/mulheres-que-estao-conquistando-arte-urbana.html




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